SEGURANÇA HÍDRICA

Brasil realiza oficina para implementação do Programa de Ações Estratégicas na Bacia Amazônica

Ministro Waldez Góes destaca, na abertura do evento, que cuidar de bacias hidrográficas da região Amazônica é pauta prioritária para o Governo Federal

Brasília (DF) – O ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), Waldez Góes, abriu, nesta terça-feira (27), a Oficina Nacional do Programa de Ações Estratégicas na Bacia Amazônica. O evento promovido pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), instituição vinculada ao MIDR, e pela Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) tem como objetivo promover e fortalecer a gestão integrada de recursos hídricos, ampliar a capacidade das comunidades amazônicas de se adaptarem aos impactos das mudanças climáticas e garantir informações compatíveis em toda a bacia para a tomada de decisões.

Durante o discurso de abertura, o ministro Waldez Góes destacou que cuidar das bacias hidrográficas é uma prioridade do atual Governo. “Essa pauta é prioridade inquestionável para todos nós que estamos reunidos aqui, representando os governos dos países que compõem a região da Amazônia Internacional. Assegurar a sustentabilidade dos recursos hídricos em áreas fronteiriças é uma prioridade do presidente Lula. Quando discutimos a Amazônia Internacional, estamos enfatizando a importância de preservar e gerir esses recursos de forma eficiente”, disse Waldez Góes.

A diretora-presidente interina da ANA, Ana Carolina Argolo, citou algumas ações que a Agência vem contribuindo para melhorar a qualidade da água nos rios da bacia amazônica. “A ANA contribui neste projeto também com a troca de informação, com capacitação e compartilhando as nossas políticas para governança da água que alguns países sequer têm”, informou Argolo.

A programação incluiu apresentações sobre o Programa de Ações Estratégicas (PAE) do Projeto Bacia Amazônica, assim como as oportunidades e desafios da implementação dessa iniciativa no Brasil. Também foram abordados os resultados dos Diálogos Amazônicos e possíveis contribuições para a implementação do PAE, além do progresso técnico das intervenções do Projeto. Em grupos de trabalho, foram discutidos tanto a agenda técnica quanto os desafios para a implantação do PAE, a capacitação em equidade de gênero e aspectos culturais relativos à participação dos povos e comunidades tradicionais da Amazônia na gestão dos recursos hídricos.

Através do Programa de Ações Estratégicas (PAE), os oito países-membros da OTCA – Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Guiana, Suriname e Venezuela – buscam garantir a gestão integrada e sustentável dos recursos hídricos transfronteiriços na bacia do rio Amazonas, considerando a variabilidade do clima e as mudanças climáticas. A implementação do programa está sendo realizada no âmbito do Projeto Bacia Amazônica, que é executado pela OTCA em associação com os países, com apoio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e financiamento do Fundo para o Meio Ambiente Mundial (GEF na sigla em inglês).

Anna Flávia de Senna Franco, secretária-executiva do Ministério do Meio Ambiente, enfatizou o papel crucial da água na promoção da igualdade social. “Devemos lembrar que onde não há água, há fome e injustiça social. A gestão da água é uma ferramenta fundamental para a justiça climática e para a promoção social. É necessário convergir as agendas de recursos hídricos e meio ambiente”, ressaltou.

As riquezas da Amazônia também foram tema do discurso da diretora executiva da OTCA, Vanessa Grazziotin. “A magnitude dos números relacionados à Amazônia é algo que todos nós reconhecemos. Aqui, estamos cientes do quanto a Amazônia não apenas necessita, mas deve desempenhar um papel crucial não só na preservação da natureza, da riqueza da biodiversidade e da água das florestas, mas também na abordagem de uma das maiores preocupações globais da atualidade: as mudanças climáticas. O papel desempenhado pela Amazônia é, sem dúvida, de importância fundamental nesse contexto”, destacou Vanessa.

Programa de Ações Estratégicas (PAE):

As oficinas de implementação do PAE ocorrem desde agosto de 2023 em todos os países amazônicos, com o objetivo de preparar governos e sociedades para a gestão integrada e participativa da água na Amazônia. Divididos em grupos de trabalho, os participantes formulam recomendações para o processo de implementação do PAE, combinando questões técnicas, culturais e de colaboração regional.

Em cada um dos países amazônicos, a implementação do PAE estará alinhada às políticas nacionais e em consonância com as linhas estratégicas previstas para o fortalecimento institucional da Gestão Integrada dos Recursos Hídricos (GIRH), a adaptação às mudanças climáticas e o monitoramento dos recursos hídricos das bacias. Ao mesmo tempo, serão considerados aspectos culturais locais e educacionais relevantes para o desenvolvimento da temática da água.

Para assegurar a inclusão transversal do tema de gênero na implementação da GIRH e do PAE, as Oficinas Nacionais de Implementação oferecem aos participantes capacitação para o planejamento e a implementação de projetos, programas e políticas com perspectiva de equidade de gênero.

Projeto Bacia Amazônica:

O Programa de Ações Estratégicas do Projeto Bacia Amazônica apoia os países amazônicos a melhorar a adaptação às mudanças climáticas e a fortalecer a capacidade nacional e a governança regional da gestão integrada de recursos hídricos. Além disso, a iniciativa busca garantir a produção de dados regionais consolidados para melhorar a tomada de decisões e a coordenação das águas da Amazônia, desde as nascentes nos Andes até a foz do rio Amazonas, para promover um ecossistema mais saudável na região.

Mais de 7,8 milhões de pessoas que vivem na bacia Amazônica – 20% do total – já foram beneficiadas pelas ações do Projeto, segundo dados da OTCA e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). A ação realizou o monitoramento ambiental integrado de 600 milhões de hectares e estabeleceu autoridades nacionais de água (nos moldes da ANA) na Guiana e no Suriname. Também foram capacitados 1,4 mil profissionais da região e 10 mil membros de comunidades locais na temática da gestão integrada de recursos hídricos.

A iniciativa é financiada pelo Global Environment Facility (GEF) e conta com a atuação do PNUMA, da OTCA e da ANA no âmbito do Brasil.

Jornada da Água 2024

A oficina é realizada no contexto da Jornada da Água 2024, que prevê uma série de atividades, campanhas e eventos durante todo o ano. O tema apresentado pela ANA para o Dia Mundial da Água deste ano e para nortear as ações da Agência durante 2024 dentro da Jornada – “A Água nos Une, o Clima nos Move” – foi concebido para sensibilizar a sociedade, os membros da Administração Pública, os atores dos setores de recursos hídricos e saneamento básico, entre outros entes estratégicos para o cuidado com as águas do Brasil. Acesse o hotsite temático da Jornada em: https://jornadadaagua.ana.gov.brCategoria

Foto: Dênio Simões/MIDR

Meio Ambiente e Clima